quarta-feira, 7 de abril de 2010

Os Perigos do Desvio Espiritual



I - E O QUE É A APOSTASIA
O termo apostasia vem da palavra grega apostasia, e significa o abandono consciente e público da fe que, de uma vez por todas, foi confiada aos santos (Jd v.3).
A apostasia destes últimos dias visa atacar, prioritariamente, os seguintes artigos de fé:
1. A soberania de Deus (Jd v.4);
2. A divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo - verdadeiro homem e verdadeiro Deus, e único salvador e redentor da humanidade (At 4.12); e:
3. A realidade de sua vinda (2 Pe 3.1-10).
Através da apostasia, objetiva o Diabo minar a resistência da Igreja, induzindo-a a deixar de ser Reino de Deus para tornar-se uma simples organização religiosa.
Como a seguir veremos, um dos primeiros sintomas da apostasia é a perda do primeiro amor.

II - O ESFRIAMENTO DO AMOR CRISTAO
Das igrejas da Ásia Menor, a de Éfeso era a mais conservadora e ortodoxa. Estava ela tão bem alicerçada teologicamente, que era capaz, inclusive, de diferençar entre um verdadeiro e um falso apóstolo. Não obstante todo esse preparo doutrinário, a igreja dc Éfeso estava a ponto de perder a sua primazia, por haver perdido o seu primeiro amor. Ler Ap 2.1,2.
1. Cristo adverte a sua Igreja. Quão grave é esta advertência de Nosso Senhor: “Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”! (Ap 2.4,5).
Da reprimenda de Cristo, o que depreendemos? Se a ortodoxia bíblico-teológica não for acompanhada do primeiro amor, nenhuma utilidade terá. Pois a ausência do primeiro amor acabará por lançar a Igreja nas garras do formalismo e, finalmente, da apostasia. No Sermão Profético, Jesus faz- nos outra advertência: “E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos se esfriará” (Mt 24.12).
2. Reavivando o primeiro amor. Que a Igreja reavive, urgentemente, o primeiro amor, observando, de forma integral, as exigências da Grande Comissão que nos confiou o Senhor Jesus: evangelizar, fazer missões e discipular (Mt 28.19; At 1.8); mantendo o amor fraternal e devotando a Cristo a mais provada e ardente adoração. Ler Hb 13.1. Menos do que isto é inaceitável! A apostasia desta última hora não haverá de resistir a uma igreja entranhavelmente amorosa, santificada e fundamentada na Palavra de Deus. Você ama a Cristo? Ama as almas perdidas? Ou o seu amor cristão já esfriou?

III - A DOUTRINA DE BALAÃO
A doutrina de Balaão é um outro forte indício da apostasia destes últimos dias. Atenhamo-nos à advertência que o Senhor endereça ao anjo da Igreja de Pérgamo: “Mas umas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel para que comessem dos sacrifícios da idolatria e se prostituíssem” (Ap 2.14).
Não são poucos os mestres que, torcendo as Escrituras e vendendo a alma ao Diabo, tentam introduzir o mundo na Igreja, sob a alegação de que esta não pode viver alheia à modernidade. Ora, ser contemporâneo não significa compactuar com este século; significa, antes de tudo, falar de Cristo, com ousadia e poder, a esta geração. Cuidado! A doutrina de Balaão continua a fazer estragos! Ela quer comprometer a Igreja, impregnando-a com a cultura e com os costumes do mundo (Rm 12.1).

IV - O MISTICISMO HERÉTICO
A apostasia dos últimos tempos vem sendo caracterizada, também, por um misticismo herético e extravagante. Embora pareça espiritual, é extremamente nocivo à Obra de Deus. Assim o Senhor Jesus o desmascara:
“Mas tenho contra ti o tolerares que Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensine e engane os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria” (Ap 2.20). Na essência, esta profetisa em nada diferia de Balaão. Seu objetivo era, através de uma postura falsamente piedosa, induzir os crentes a um comportamento abominável. Conclui-se, do texto bíblico, que ela já havia conseguido, inclusive, as rédeas do governo eclesiástico de Pérgamo. Até o anjo da igreja achava-se em suas mãos.
O misticismo herético tem como principais características:
1. Culto aos anjos (Cl 2.18).
2. Falsas profecias (Mt 24.11).
3. Prodígios de origem demoníaca (Mt 24.24).
4. Doutrinas de demônios (1 Tm 4.1;1 Jo 4.1).
Estejamos precavidos! Nem sempre fervor significa espiritualidade. Pode ser forjado, fingido ou meramente emocional. Quando a congregação de Israel apostatou da fé, no deserto, aquele ruidoso movimento até parecia um culto avivado; não passava, todavia, de uma rebelião desenfreada contra o Senhor ( Êx 32.6,18). Assim diz o Espírito Santo por intermédio do salmista: “Mui fiéis são os teus testemunhos; a santidade convém à tua casa, Senhor, para sempre” (Sl 93.5).

V - A PROSPERIDADE FATAL
A apóstata, rebelde e orgulhosa Laodicéia é um tipo perfeito da Teologia da Prosperidade. No auge de sua riqueza, afirmou o anjo dessa igreja: “Rico sou, e estou enriquecido e de nada tenho falta” (Ap 3.17).
A Teologia da Prosperidade é um arremedo doutrinário. Afronta a simplicidade da Igreja de Cristo e torce, de forma escandalosa, a Bíblia Sagrada. Ensinando os santos a endeusar os bens materiais em detrimento dos eternos, vão os proponentes dessa teologia subsidiando mentiras, enganos, heresias e rebeliões contra o Cordeiro de Deus. Consciente, ou inconsciente- mente, vão dando sustento à estrutura sobre a qual o Anticristo acha- se a construir o seu império. Tal apostasia vem encontrando generosos espaços em alguns púlpitos, produzindo uma geração de crentes cegos, despidos da graça e imperfeitos em suas convicções. Eles supõem, à semelhança dos amigos de Jó, serem os bens materiais a evidência maior da presença de Deus na vida humana.
Os proponentes da Teologia da Prosperidade amam a bênção mais do que ao Abençoador; não têm a fé em Cristo, mas a fé na fé; a mente de Cristo, trocaram-na por um pensamento enganosamente positivo; determinando tudo, acham-se indeterminados em sua esperança. E esperando em Cristo apenas nesta vida, tornam-se os mais desgraçados dos homens (1 Co 15.19).

VI - A APOSTASIA PESSOAL
Hb 3.12 “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo”. A apostasia (gr. apostasia) aparece duas vezes no NT como substantivo (At 21.21; 2Ts 2.3) e, aqui em Hb 3.12, como verbo (gr. aphistemi, traduzido “apartar”). O termo grego é definido como decaída, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastar-se daquilo a que antes se estava ligado.
(1) Apostatar significa cortar o relacionamento salvífico com Cristo, ou apartar-se da união vital com Ele e da verdadeira fé nEle . Sendo assim, a apostasia individual é possível somente para quem já experimentou a salvação, a regeneração e a renovação pelo Espírito Santo (cf. Lc 8.13; Hb 6.4,5); não é simples negação das doutrinas do NT pelos inconversos dentro da igreja visível.
A apostasia pode envolver dois aspectos distintos, embora relacionados entre si:
(a) a apostasia teológica, i.e., a rejeição de todos os ensinos originais de Cristo e dos apóstolos ou dalguns deles (1Tm 4.1; 2Tm 4.3); e
(b) a apostasia moral, i.e., aquele que era crente deixa de permanecer em Cristo e volta a ser escravo do pecado e da imoralidade (Is 29.13; Mt 23.25-28; Rm 6.15-23; 8.6-13).

(2) A Bíblia adverte fortemente quanto à possibilidade da apostasia, visando tanto nos alertar do perigo fatal de abandonar nossa união com Cristo, como para nos motivar a perseverar na fé e na obediência. O propósito divino desses trechos bíblicos de advertência não deve ser enfraquecido pela idéia que afirma: “as advertências sobre a apostasia são reais, mas a sua possibilidade, não”. Antes, devemos entender que essas advertências são como uma realidade possível durante o nosso viver aqui, e devemos considerá-las um alerta, se quisermos alcançar a salvação final.
Alguns dos muitos trechos do NT que contêm advertências são: Mt 24.4,5,11-13; = Jo 15.1-6; = At 11.21-23; = 14.21,22; = 1Co 15.1,2; = Cl 1.21-23; = 1Tm 4.1,16; = 6.10-12; = 2Tm 4.2-5; = Hb 2.1-3; = 3.6-8,12-14; = 6.4-6; = Tg 5.19,20; = 2 Pe 1.8-11; = 1Jo 2.23-25.

(3) Exemplos da apostasia propriamente dita acham-se em Êx 32; = 2Rs 17.7-23; = Sl 106; = Is 1.2-4; = Jr 2.1-9; = At 1.25; = Gl 5.4; = 1Tm 1.18-20; = 2Pe 2.1,15,20-22; = Jd 4,11-13; ver o estudo O PERÍODO DO ANTICRISTO, para comentários sobre a apostasia que, segundo a Bíblia, ocorrerá dentro da igreja professa nos últimos dias desta era.

(4) Os passos que levam à apostasia são:
(a) O crente, por sua falta de fé, deixa de levar plenamente a sério as verdades, exortações, advertências, promessas e ensinos da Palavra de Deus (Mc 1.15; Lc 8.13; Jo 5.44,47; 8.46).
(b) Quando as realidades do mundo chegam a ser maiores do que as do reino celestial de Deus, o crente deixa paulatinamente de aproximar-se de Deus através de Cristo (4.16; 7.19,25; 11.6).
(c) Por causa da aparência enganosa do pecado, a pessoa se torna cada vez mais tolerante do pecado na sua própria vida (1Co 6.9,10; Ef 5.5; Hb 3.13). Já não ama a retidão nem odeia a iniqüidade (ver 1.9 nota)
(d) Por causa da dureza do seu coração (3.8,13) e da sua rejeição dos caminhos de Deus (v. 10), não faz caso da repetida voz e repreensão do Espírito Santo (Ef 4.30; 1Ts 5.19-22; Hb 3.7-11).
(e) O Espírito Santo se entristece (Ef 4.30; cf. Hb 3.7,8); seu fogo se extingue (1Ts 5.19) e seu templo é profanado (1Co 3.16). Finalmente, Ele afasta-se daquele que antes era crente (Jz 16.20; Sl 51.11; Rm 8.13; 1Co 3.16,17; Hb 3.14).

(5) Se a apostasia continua sem refreio, o indivíduo pode, finalmente, chegar ao ponto em que não seja possível um recomeço.
(a) Isto é, a pessoa que no passado teve uma experiência de salvação com Cristo, mas que deliberada e continuamente endurece seu coração para não atender à voz do Espírito Santo (3.7-19), continua a pecar intencionalmente (10.26) e se recusa a arrepender-se e voltar para Deus, pode chegar a um ponto sem retorno em que não há mais possibilidade de arrependimento e de salvação (6.4-6; = Dt 29.18-21 nota; 1 Sm 2.25 nota; = Pv 29.1 nota).
Há um limite para a paciência de Deus (ver 1 Sm 3.11-14; = Mt 12.31,32; = 2 Ts 2.9-11; = Hb 10.26-29,31; = 1 Jo 5.16)
(b) Esse ponto de onde não há retorno, não se pode definir de antemão. Logo, a única salvaguarda contra o perigo de apostasia extrema está na admoestação do Espírito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações ( 3.7,8,15; 4.7).

(6) É próprio salientar que, embora a apostasia seja um perigo para todos os que vão se desviando da fé (2.1-3) e que se apartam de Deus (6.6), ela não se consuma sem o constante e deliberado pecar contra a voz do Espírito Santo (ver Mt 12.31, nota sobre o pecado contra o Espírito Santo).

(7) Aqueles que, por terem um coração incrédulo, se afastam de Deus (3.12), podem pensar que ainda são verdadeiros crentes, mas sua indiferença para com as exigências de Cristo e do Espírito Santo e para com as advertências das Escrituras indicam o contrário. Uma vez que alguém pode enganar-se a si mesmo, Paulo exorta todos aqueles que afirmam ser salvos:
“Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos” (ver 2 Co 13.5 nota).

(8) Quem, sinceramente, preocupa-se com sua condição espiritual e sente no seu coração o desejo de voltar-se arrependido para Deus, tem nisso uma clara evidência de que não cometeu a apostasia imperdoável. As Escrituras afirmam com clareza que Deus não quer que ninguém pereça (2 Pe 3.9; cf. Is 1.18,19; 55.6,7) e declaram que Deus receberá todos que já desfrutaram da graça salvadora, se arrependidos, voltarem a Ele (cf. Gl 5.4 com 4.19; = 1 Co 5.1-5 com 2 Co 2.5-11; = Lc 15.11-24; = Rm 11.20-23; = Tg 5.19,20; = Ap 3.14-20; note o exemplo de Pedro, Mt 16.16; = 26.74,75; = Jo 21.15-22).

VII - DESCRIÇÃO DOS LÍDERES APÓSTATAS:
- Jd 3-19 - O tom da carta de Judas é polêmico, pois ele repreende os falsos mestres apóstatas que enganam crentes instáveis e corrompem a mesa do Senhor.
- Judas estava preocupado com o fato de os cristãos poderem afastar-se da verdade por causa dos mestres enganadores de falsas doutrinas, ou seja, aqueles que, embora tendo negado a fé, ficaram ainda como membros da Igreja - Jd 4.
- Neste livro, encontramos as CARACTERÍSTICAS DOS APÓSTATAS:
- (1) Tem a carne contaminada (prostituição) - Jd 7
- (2) Rejeitam a dominação (não aceitam governo na Igreja) - Jd 8
- (3) Não tem temor (pecam voluntariamente) - Jd 10
- (4) Tipificam três personagens perigosos:
- (4.1) Caim (homicida - I Jo 3:15);
- (4.2) Balaão (o que põe tropeços para os filhos de Deus, ensinando a prostituição); e
- (4.3) Coré (o que se rebela contra a liderança colocada por Deus) - Jd 11
- (5) Não gostam de Pastor; apascentam-se a si mesmos; são nuvens sem águas (espiritualmente artificiais); são árvores murchas (não dão frutos) - Jd 12;
- (6) São ondas bravias do mar, que espumam suas próprias sujidades; estrelas errantes - Jd 13
- (7) São murmuradores; descontentes; andam segundo as suas paixões; suas bocas vivem propalando grandes arrogâncias e são oduladores dos outros, por motivos interesseiros - Jd 16

VIII - PASSOS QUE LEVAM À APOSTASIA:
- O crente, por sua falta de fé, deixa de levar plenamente a sério as verdades, exortações, advertências, promessas e ensinos da Palavra de Deus (Mc 1:15; Lc 8:13; Jo 5:44, 47; 8:46)
- Quando as realidades do mundo chegam a ser maiores do que as do reino celestial, o crente deixa paulatinamente de aproximar-se do Senhor através de Cristo (Hb 4:16; 7:19, 25; 11:6)
- Por causa da aparência enganosa do pecado, a pessoa se torna cada vez mais tolerante: não ama a retidão, nem odeia a iniquidade (I Cor 6:9-10; Ef 5:5; Hb 1:9; 3:13)
- Por causa da dureza do seu coração e da sua rejeição dos caminhos de Deus, o servo do Senhor não faz caso da repetida voz e repreensão do Espírito Santo. Como resultado, entristece-O, extingue o Seu fogo e profana o Seu templo (Hb 3:8, 10, 13; Ef 4:30 I Ts 5:19-22; Hb 3:7-11; I Cor 3:16)
- Finalmente, o Espírito Santo se afasta daquele que antes era um servo de Deus (Jz 16:20; Sl 51:11; Rm 8:13; I Cor 3:16-17; Hb 3:14)

XI - EXORTAÇÕES EM VISTA DA APOSTASIA FUTURA:
- (1) Devemos evitar os falsos mestres apóstatas, porque:
- (1.1) Já surgiu uma vã profissão de religião, combinando a completa falta de poder com um nível baixo de moralidade (II Tm 3:1-5)
- (1.2) Os ministros desta religião caracterizam-se por sua falta de princípios e oposição à verdade (II Tm 3:6-9)
- (2) Devemos permanecer fiéis às nossas convicções, recordando-nos:
- (2.1) Da lição de que o sofrimento faz parte da vida do cristão neste mundo (II Tm 3:11-13)
- (2.2) Das lições aprendidas da vida santa de um servo de Deus (II Tm 3:10, 14)
- (2.3) Das lições que aprendemos das Santas Escrituras (II Tm 3:16-17)
- (3) Devemos cumprir inteiramente o nosso dever de evangelizar, pregando a Palavra com infatigável paciência, adaptando o seu ensino a qualquer capacidade, pregando, exortando e reprovando, pareçam as oportunidades favoráveis ou não (II Tm 4:1-2). E isso devemos fazer por dois motivos:
- (3.1) O povo tem-se tornado impaciente a respeito da doutrina sã e a tem rejeitado (II Tm 4:3-4)
- (3.2) O nosso ministério se findará. Logo, devemos confiar em que outro continuará a obra do Senhor tanto quanto possível (II Tm 4:5-6)


Que Deus tenha Miseicordia de todos
um abraço
Pr. Edmundo