terça-feira, 10 de novembro de 2009

Teologia do Triunfo ou do triunfalismo?

E começou a experimentar pavor e angústia. E lhes disse: Minha alma está triste a ponto de morrer [...] Abba! Pai, tudo te é possível, afasta de mim essa taça! Entretanto não o que eu quero, mas, o que Tu queres!”. Marcos 14: 33b, 34 e 36
O Triunfalismo é um dos principais ramos dos ensinos da Teologia da Prosperidade. O fundamento teológico de tal ensino, portanto, encontra-se nas mesmas fontes do Movimento da Fé. Há duas realidades concernentes o triunfalismo que precisam ser destacadas. A primeira, de caráter sociológico, diz respeito ao atual contexto sócio-financeiro do povo brasileiro e ao espírito consumista alimentado pela mídia. Os líderes triunfalistas abusam dessa realidade social a ponto de não prometerem apenas o necessário, mais o luxo, o sobressalente, o espetacular.
A segunda, está relacionada à teologia e a falsa concepção de espiritualidade. Ensinam os homens a se aproximarem de Deus pelo que Ele concede e não pelo que Ele é. A bênção, para eles, é muito mais importante do que o Abençoador. Acrescente o fato de que é enfatizado ao crente o seu direito como filho de Deus, enquanto as suas obrigações morais, exigidos pela nova filiação divina, são omitidas.
Dificilmente você vai ligar seu televisor em qualquer programa de exibição de conteúdo gospel e ouvirá pregações temáticas, textuais ou expositivas com a ênfase que foi dada ao versículo acima.
Tampouco, alguém fará um apelo às possibilidades de perdas, à vida simples ou à abnegação genuína dos seus bens sem que seu dinheiro seja moeda de troca com “bênçãos que Deus têm para você”. Aliás, desconsidere que o Cristo não tinha bens e posses, e que não tinha “sequer onde reclinar sua cabeça” (Lucas 9:58). Muito menos que uma vida assim é passível de felicidade e alegria!
Não me lembro da última vez que vi e ouvi na TV – se é que já houve alguma vez – em que um pregador – seja ele pastor, evangelista, bispo, apóstolo, ou como está agora “na moda” dizer: “pai-póstolo”–, que Jesus nasceu num berço de palhas, envolto em faixas e hospedado no “Hilton Palace Estrebaria”, mas, que isto haveria por ser um sinal (Lucas 2:12). Talvez tenha até ouvido, mas, não sem ter presenciado uma exegese do texto totalmente deturpada e adequado seu conteúdo hermenêutico ao contexto para pretexto e acomodada aos seus gostos.
Incomoda-me o estardalhaço suntuoso com que os ditos pregadores se alteram em suas oratórias inflamadas afirmando que as provas e insucessos, o momento triste pela reprovação no concurso, o filho febril, a decepção com o namoro rompido e o casamento em crise e tantos outros percalços da vida são sinais “da vida sem a benção”, ou que é a paga por estarem fora da daquilo que eles chamam de “visão”. Alguns até se esquecem que Jesus disse: “Nesse mundo experimentareis a aflição, mas, tende confiança, eu venci o mundo” (João 16:33b).
O tema do sermão do último Domingo foi: “Sucesso ou triunfo?”. A igreja deve se lembrar da perspectiva dessa abordagem na qual expusemos logo na introdução a diferença entre uma teologia do Triunfo contra a heresia diabólico-mundana do triunfalismo.
Durante a mensagem, no culto, enfatizamos partes do filme “Desafiando Gigantes”. Achei valioso e edificante o filme, pois, aborda estórias de vitórias (isso mesmo, conquanto seja um filme, representa a realidade de muitas vidas que se renderam ao senhorio de Cristo Jesus), mas, que não se rendeu à mensagem apelativa do triunfalismo. Em seu conteúdo não encontramos uma produção que vendeu a imagem de um evangelho barateado, nem do discurso de uma prosperidade de permuta, beirando a conchavos mágicos com Deus.
Meditando sobre o tema – triunfo X triunfalismo –, lembrei-me de um texto muito rico e oportuno e que não poderia deixar de compartilhar com minhas ovelhas. O Ev. Luiz Henrique de Almeida e Silva, um dos escritores-colaboradores das Revistas de Escola Dominical da CPAD que afirma em sua reflexão:
“O triunfalismo nada mais é que o principal produto da famigerada Teologia da Prosperidade, a qual acrescento o ‘Material’, ficando assim: Teologia da Prosperidade Material (ou TPM dos crentes...). É um tal de não aceito isso, não aceito aquilo outro, doente não posso ficar, miséria não é pra mim e por aí vai... A aceitação, ou melhor, a proclamação da Teologia da Prosperidade foi a institucionalização da arrogância entre os crentes. Por que essa ‘nova revelação’ não surgiu na época da igreja primitiva?[grifo nosso] Seria muito útil lá, afinal a perseguição era terrível e cruel. Ser cristão naquela época era quase que ser considerado terrorista da Al Qaeda nos dias de hoje. Mas os intentos de Satanás foram frustrados, visto que para cada cristão que morria surgiam dez em seu lugar! Parecia que era fertilizante e não sangue que corria em suas veias. Cada gota de sangue cristão derramado irrigava uma nova safra de crentes mais dispostos que a anterior, para desespero do diabo. Aquilo pra ele era um verdadeiro inferno. Escaldado com essas experiências negativas (ou seria melhor dizer positivas?), ele resolveu mudar de tática: descobriu que melhor que matar um crente fiel era deixá-lo vivo, mas tornando-o infiel. Com isso, o benefício seria duplo: enquanto a morte de um crente fiel produzia piedade em vários outros, a vida de um crente infiel (se é que isso existe!) traz vilipêndio ao nome de Jesus e desmoralização à sua igreja, que é o seu corpo”.


Triunfo ou triunfalismo?


“Portanto eu me comprazo nas fraquezas, nos insultos, nos constrangimentos, nas perseguições e nas angústias por Cristo! Pois quando sou fraco, então é que sou forte”. II Coríntios 12:10.
Que venham, pois, todos os desafios, constrangimentos, perseguições, insultos, angústias e fraquezas. Que apareçam em mim as marcas da cruz. Que minha alma fique triste a ponto de morrer. Para a glória do Senhor. E ai de quem disser que eu estou “fora da visão”.
Por um evangelho genuíno.

Deus nos Abençoe e tenha misericordia de todos.....

Um Abraço

pr. Edmundo




http://www.ipidocruzeiro.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=511&Itemid=34
http://blogs.gospelprime.com.br/escoladominical/o-triunfalismo-cristao-e-de-deus-ou-do-diabo/